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Relembre empresas que passaram por crises, como a da Americanas, e não resistiram
O país teve em sua história marcas de muita representatividade, como a Arapuã, que há poucas décadas pareciam consolidadas, e hoje não existem mais
Entrar no site da Americanas passa a impressão de que os negócios da empresa seguem intactos. Mas, nos bastidores, a situação é bem diferente. Excluída de todos os índices da Bolsa brasileira e com uma dívida estimada em R$ 41 bilhões, o mercado acompanha com preocupação os próximos passos da companhia após o pedido de recuperação judicial.
Assim como a Americanas, outras grandes empresas do país já enfrentaram graves problemas financeiros, sendo que algumas deixaram de existir. Na lista abaixo, detalhamos algumas companhias que no passado reinaram absolutas em seus segmentos, mas que acabaram vítimas de seus erros e da instabilidade da economia.
VARIG
Em uma crise financeira que se arrastava desde o final da década de 1990, a Varig encerrou suas atividades em junho de 2006, após um processo de recuperação judicial por causa de problemas financeiros. Foi desmontada e depois vendida para a Gol. Com salários atrasados, foram mais de cinco mil demissões em apenas um dia.
Dentre os fatores - internos e externos - que levaram ao seu fim estão a depreciação do cruzeiro, a hiperinflação, problemas de governança, a inconstante política econômica do Brasil e o congelamento das tarifas, já defasadas, que provocou total descontrole na gestão das aéreas.
Foram 13 meses lutando contra a falência. O plano de recuperação dividiu a Varig em duas empresas: a “nova Varig”, dona da operação, da marca e livre da dívida, e a “velha Varig”, com o passivo estimado na época em R$ 7,9 bilhões.
A nova Varig foi vendida por R$ 52,3 milhões à Volo do Brasil, uma sociedade de empresários brasileiros liderados por Marco Antônio Audi e do fundo americano Matlin Patterson, mesmo grupo que tinha comprado a sua subsidiária de cargas, a Varig Log.
Os sócios da Volo se desentenderam, os fornecedores queriam pagamento à vista e faltou dinheiro para gerenciar a empresa. A Volo vendeu a Varig à Gol no dia 28 de março de 2007 por US$ 320 milhões. Alguns aviões foram incorporados às rotas da Gol, mas a Varig mesmo havia acabado.
MAPPIN
Ícone do varejo brasileiro, o Mappin chegou ao país em 1913 e abriu as portas na rua 15 de Novembro, na Sé, em São Paulo, com a proposta de ser uma loja de artigos e bens de luxo.
Com a fama que ganhou, a loja foi para um novo endereço na mesma região — dessa vez, na Praça do Patriarca. Com a crise de 1929, o Mappin se adaptou e adotou um modelo mais acessível às classes menos endinheiradas.
Os anos de prosperidade se estenderam até a década de 1990, quando em uma decisão ambiciosa, o Mappin iniciou uma grande expansão comprando lojas de empresas concorrentes.
Em 1995, veio o anúncio - um prejuízo de mais de R$ 20 milhões, que resultou na venda da empresa. Adquirida pelo empresário Ricardo Mansur, também administrador da Mesbla, os negócios da companhia não prosperaram, e a varejista teve sua falência declarada em 1999, assim como a Mesbla.
MESBLA
Com mais de 28 mil funcionários em todo o território nacional, a Mesbla começou sua história em 1912, e por mais de oito décadas se sustentou entre as principais do varejo brasileiro. A rede viveu seu auge durante a década de 1980, quando chegou ao patamar de 180 lojas.
Foi na virada dos anos 1990 que a varejista sofreu com a concorrência mais setorizada e a popularização dos shoppings. Com a hiperinflação dos últimos anos de 1980 e o temor de um aumento ainda maior nos preços, veio a decisão de estocar mercadorias em excesso. Mas a diretoria não previa a chegada do Plano Real, e a abundância de produtos logo se tornou uma dívida bilionária.
A companhia decretou falência em 1999. Vinte e três anos depois, em maio de 2022, a empresa anunciou seu retorno no e-commerce, mas ainda luta para ganhar representatividade.
ARAPUÃ
Mais uma vítima da década de 1990, a Arapuã era uma das maiores varejistas do país e chegou a ter 220 lojas em todo o território. Fundada em 1957, na cidade de Lins, no interior de São Paulo, se especializou na venda de produtos eletroeletrônicos, e com o passar do tempo ganhou notoriedade.
O aumento na taxa de juros pelo governo brasileiro, no final da década de 1990, prejudicou as vendas a prazo e aumentou a inadimplência. Em 2002, o endividamento das lojas Arapuã chegou a R$ 1 bilhão e causou o fechamento de lojas e demissões em massa.
Em seguida, a rede pediu uma concordata e, com isso, propôs aos credores o pagamento de dívidas em dois anos. Parte deles, porém, não recebeu os valores prometidos e moveu ações na Justiça contra a empresa, que teve sua falência decretada em julho de 2002.
LOJAS BRASILEIRAS
Outro nome clássico do varejo brasileiro, as Lojas Brasileiras (Lobras), rede de lojas de departamentos e variedades que existiu entre 1944 e 1999, viveu anos de glória até ser fechada após anos operando no prejuízo.
Tendo como principal concorrente as Lojas Americanas, Adolfo Basbaum fundou as Lojas Brasileiras em 1944. Em 1982, as Lojas Marisa, pertencentes à família Goldfarb, compraram o controle acionário das Lojas Brasileiras, e parte das suas lojas se tornou unidades da Marisa. As duas marcas coexistiram até 1999, com as Brasileiras atuando nos departamentos e a Marisa tendo foco em moda e roupa íntima feminina.
As Lojas Brasileiras anunciaram o fim das atividades em julho de 1999, após uma série de prejuízos financeiros. A dívida acumulada desde 1996 era de cerca de R$ 100 milhões, com as vendas não pagando os custos operacionais.
Ao fechar, havia 63 unidades das Brasileiras em vinte estados do Brasil. O encerramento foi feito para garantir a saúde financeira dos negócios dos Goldfarb, mantendo a Marisa saudável financeiramente.
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